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Não existe palavra mais linda que ser chamada de mãe

Geral   - 11/05/2025 08:00
Geral   - 11/05/2025 08:0011/05/2025 08:00

Um jovem com 17 anos tem uma grande ideia, resolve arregaçar as mangas e se coloca à frente de um projeto de reflorestamento da sua cidade, após o município ser devastado pela enchente de setembro de 2023. Essa é uma parte da história de Carlos Alberto Novo dos Santos, morador de Muçum, que em novembro de 2023 criou o Projeto Vale Verde com a ajuda dos voluntários que estavam limpando a cidade, pós cheias de setembro e novembro. Um ano após o início, em novembro de 2024, Carlos e os parceiros já haviam plantado cerca de 1500 mudas de árvores e 2.400 mudas de flores e chás.
E assim, um menino, se torna exemplo e referência de cuidado com a natureza. E aí vem a pergunta: quem é ele, quem são seus pais, como conseguiram passar esses valores tão especiais, num mundo cada vez mais individualista e de telas? E a resposta é que Carlos é filho de coração da assistente social, Carmen Novo dos Santos. “Carlos foi adotado quando tinha 13 dias, nasceu no dia da assistente social, era para ser meu. Através de uma colega de profissão que me acionou pois precisava de um local para colocar a criança recém-nascida. Naquele momento eu já disse que seria meu. Isso foi numa terça, e na sexta Carlos estava comigo. Eu queria muito ser mãe, o Carlos foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, agradeço a Deus todos os dias por essa benção”.
Carmem comenta que a adoção aconteceu quando ela tinha 42 anos, e mesmo solteira sempre quis ser mãe. “Minha família sempre foi de muitas pessoas, e minha vontade era de ser mãe, em 2004 engravidei, e perdi, era hipertensa, e depois desenvolvi diabetes, o médico então disse que não poderia mais engravidar. E em 2006 o Carlos chegou e se tornou tudo na minha vida”. 
Carmen mora em Muçum há 23 anos e Carlos nasceu e cresceu na cidade, hoje com 18 anos desenvolve um trabalho excepcional de reflorestamento. “Gostamos muito de Muçum, e o projeto é uma forma de melhorar o município. E o gosto do Carlos pelas árvores e flores vem desde pequeno. Ele é muito parecido do meu pai, José Luiz, que se preocupava muito com as pessoas, animais, plantas e gostava de mexer na terra” comenta Carmen.
Além do avô, uma das grandes inspirações de Carlos também é sua mãe. “Em agosto de 2023, uns dias antes da grande enchente, Muçum foi atingido pelo granizo, a mãe pela sua profissão, teve que ajudar na distribuição de lonas, no amparo as famílias, e quando veio a enchente de setembro, a mãe auxiliava as pessoas e eu fui ajudar o avô do meu primo, e quando percebemos nossa casa que nunca tinha pego água, foi atingida e perdemos tudo. Nos dias seguintes, minha mãe seguiu fazendo o que sempre fez, ajudando as pessoas, e nossa casa ficou por minha conta, então com o auxílio dos voluntários limpamos nossa residência. E foi então que surgiu a ideia do projeto do plantio de árvores e flores, porque estava tudo marrom naquele momento, sem cor. Algumas semanas depois voluntários conseguiram árvores frutíferas e flores e o projeto deu início na prática. Hoje o projeto segue com doações em dinheiro ou mudas, e também com a venda de camisetas em eventos do município. Para isso, conto com o apoio da liga de Combate ao Câncer, Sicredi e prefeitura” conta Carlos. Na sua missão, Carlos encontrou fotos antigas de Muçum, com muitos ipês e coqueiros no centro da cidade. “Com o tempo essas árvores foram cortadas, ou morreram e não foram repostas, porque estragavam as calçadas e sujavam os pátios. A ideia é voltar a ter a cidade que tínhamos, arborizada, com flores. Tenho apoio do prefeito Mateus Trojan, o que torna bem mais fácil fazer esse plantio. Aliás, me baseio muito nele para fazer acontecer, no jeito de conduzir as coisas”.
A criação e o amor que Carmen deu a Carlos fez ele se tornar esse ser humano fora da curva. “A vida toda minha mãe trabalha com pessoas e ela precisa ser rígida muitas vezes para se impor, e foi com essa rigidez que ela me criou para que eu fosse seguindo um caminho bom, me fez entender e procurar o melhor caminho. Minha mãe é a mulher maravilha, e tem muito dela, na pessoa que me tornei”. 
“Criei o Carlos com firmeza, muitas vezes foi repreendido, levou castigo, ganhou celular com 14 anos, tudo porque queria que fosse uma boa pessoa, e que soubesse pensar por suas ideias e não através de telas. O Carlos é um ser enviado de Deus, aprendo muito com ele todos os dias, me ensinou a ser mais calma, me deu uma versão mais evoluída. Tenho muito orgulho do meu filho. Em toda minha vida, não tem palavra mais linda do que ser chamada de mãe”.

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